sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Envenenar, envenenar. Palavras de ordem da elite branca


Envenenar, Envenenar. Palavras de Ordem da Elite Branca
Miguel do Rosário, Óleo do diabo

Estou estarrecido com a cara-de-pau dos repórteres do Globo, de fotografar a tela do computador dos ministros do Supremo Tribunal de Justiça. Jornalismo ou espionagem? Enfim, também não me espanta demais. Os holofotes estão voltados sobre eles. Mas essa opção editorial de espionar a tela dos computadores, para mim, pareceu um tremendo desrespeito à intimidade dos mesmos. Quero ver o que a OAB tem a dizer sobre isso. Fica cada vez mais claro o nervosismo da imprensa. A denúncia do Procurador Geral contra os 40 ¨mensaleiros¨é fraca.


Vários jornalistas que leram a íntegra do texto, mesmo o radical anti-petista Noblat, admitiram que ele não traz provas ou fatos substanciais que justifiquem a aceitação da denúncia. Entretanto, são poucos os que acreditam que o Supremo terá peito para enfrentar o dragão da mídia, que já fez seu julgamento. A matéria da Veja desta semana, sobre a suspeita de grampos, revelou que a revista se tornou uma ferramenta partidária em mãos de obscuros interesses. A denúncia da revista não durou um dia. Seu objetivo, porém, era jogar luz sobre os ministros do supremo e envenenar a relação destes com o poder executivo. A matéria do Globo de hoje (23/08), publicando as mensagens íntimas dos ministros, fotografadas clandestinamente, tem o mesmo objetivo. Assustar os ministros do Supremo. Ontem assisti o programa do Jô. Há mais de dois anos que não assistia. Estava em casa, sem nada para fazer, minha mulher ocupando a internet, nada em outros canais, então encarei. Era dia das "meninas" do Jô. Que de meninas não tem nada, diga-se de passagem. Não lhes chamo de velhas, por respeito às senhoras idosas, e porque não são tão velhas assim. Chamo de velhacas. Mentirosas e tendenciosas. A pior de todas é a Lucia Hippolito. Ela é cabo eleitoral do PSDB e PFL e pronto, acabou. Distorce qualquer informação para satisfazer sua sanha anti-esquerda. O Jô estava um pouco mais cuidadoso. Dava um no prego e outra na ferradura. Defendeu o Bolsa Família. As meninas ficaram muito sem-graça. A Hippólito tentou reduzir danos ao lembrar que foi criado por Fernando Henrique, mas o Jô não deu muita bola. Todo mundo sabe que a paternidade do Bolsa Família é disputadíssima e que, se existia antes de Lula, foi ele quem deu gás ao programa e o universalizou. Aí ela decidiu apelar para o golpe baixo e lembrou que Lula recebe o Bolsa Ditadura. Dois mil dólares por mês, ela disse. Outra menina corrigiu: dois mil reais. Se a deixasse, ela não corrigiria. Logo ela, que não erra nada. Sempre tão exata. Iria duplicar o valor pago à Lula por ter sido prejudicado na ditadura militar. Chamar de bolsa ditadura é típico dessa gente. Bem, foi golpe sujo, porque se Lula ganhou essa bolsa foi porque a Justiça, ou seja, uma instância independente do Executivo, assim o decidiu. Ficou mal para a Hippólito, ainda mais que foi lembrado que outros recebem muito mais, entre eles Carlos Heitor Cony, que ganhou uma bolada de milhões e ganha um valor mensal bem maior que o recebido por Lula.


A peruééésima Ana Maria Tahan atacou com o lugar comum de que é preciso ensinar a pescar em vez de dar o peixe. A frase preferida de FHC. Mas Jô estava dando na ferradura e rebateu que essa história era velha. Tem horas que o lago está seco e não tem peixe. Tem que ajudar mesmo. A Lílian Witte Fibe lembrou, constrangida, que a revista The Economist elogiou o Bolsa Família e seus congêneres no México e no Chile. Para os colonizados, as coisas só tem valor quando saem no The Economist. Tá bom. Ela admitiu, então, que há casos em que o governo precisa mesmo dar ESMOLA. Isso me irritou, porque acho um tremendo desrespeito chamar um programa governamental de assistência social de esmola. Esmola o caralho. É o pagamento de uma dívida social e o cumprimento do direito constitucional de todo cidadão de ter acesso à vida. Se o Estado brasileiro tem dinheiro. Se a Lilian Wite Fibe tem dinheiro, é porque os ancestrais desses pobres que hoje recebem ajuda do governo trabalharam para isso. Não é esmola.


Mas o pior de tudo foi quando o Jô abordou o tema dos cubanos deportados. O Jô se mostrou desinformado, repetiu diversas vezes que os pugilistas foram deportados contra a sua vontade. Mentira. O representante da OAB carioca declarou que entrevistou os cubanos sem presença de nenhuma autoridade e que os mesmos afirmaram, categoricamente, que desejavam voltar a seu país. O mais rápido possível. Nenhuma jornalista esclareceu isso. A Hippólito, especialmente, discursou sobre o assunto e não falou o mais importante. Que os cubanos queriam voltar. Que eles tinham sido enganados por empresários alemães (dois pilantras, talvez bancados pela CIA), que os embebedaram e os seduziram com dinheiro, drogas e prostitutas. Ninguém falou isso e o tema foi fechado sem que o espectador tivesse acesso à informação mais importante. Gostaria de saber o que esse pessoal pensa. Qual o interesse do Brasil de fazer uma deportação urgente de atletas para Cuba? Por que o governo é de esquerda e Cuba é comunista? Ora, mas não são eles que dizem que o PT abandonou todas as suas bandeiras? Esquizofrenia total. O negócio é que estão querendo culpar Lula pelos problemas internos de Cuba. Os atletas serão punidos? Sinceramente, não me interessa. Se eu for pensar em sofrimento humano, prefiro me preocupar com os milhares que morrem queimados vivos por bombas em Bagdá. Também não vamos santificar os atletas. Eles abandonaram seu time no meio de uma competição. Imagina se o Ronaldinho Gaúcho abandonasse a seleção brasileira pouco antes da final da Copa do Mundo? Eles podiam esperar, ao menos, o fim da competição. Aquela deserção, regada a champagne e prostitutas, patrocinada por mafiosos, não convenceu ninguém. Acho horrível isso de proibir as pessoas de ingressarem ou saírem do país. Mas os cubanos têm muitas outras coisas boas e, francamente, estão melhores que El Salvador, Haiti, Belize, Guatemala. Pelo menos tem bons hospitais e boas escolas.


Por fim, gostaria de comentar os últimos textos do Eduardo Guimarães. Nosso combativo blogueiro esteve na Venezuela e nos proporcionou maravilhosas reportagens sobre a realidade daquele país. Sua descrição de uma briga num bar, na qual acabou envolvido, entre belas jovens chavistas e anti-chavistas, é um clássico. Guimarães tira conclusões pessimistas sobre o que viu, prenunciando que esta triste e louca situação de enfrentamento fanático e radical se repetirá no Brasil. Já temos indícios disto por aqui. Um comentarista do blog dele lembrou do caso da alckmista que arrancou, a dentadas, o dedo de uma petista, num bar do Leblon. Pois é. A coisa está braba em todo lado. Mas eu prefiro ter uma visão mais otimista. Existe o enfrentamento. Mas acho que é melhor do que a paz "de cemitério" que tínhamos antes. Aliás, a paz nunca existiu. Os índices de criminalidade em São Paulo ou Caracas, bem antes de Lula ou Chávez chegarem ao poder, revelam que essa paz era falsa. Era uma paz comprada com o sangue de milhões de trabalhadores. Não não não. Prefiro muito mais a nossa guerra.


Prefiro uma Venezuela dividida politicamente mas onde os pobres estão tendo mais esperança. Prefiro um Brasil dividido politicamente mas sem dívida externa, com nível de emprego estável, com inflação controlada, crédito popular em expansão, crédito para a agricultura familiar, Bolsa Família para 45 milhões de brasileiros que antes não tinham o que comer. Se o clima está pesado nos corredores da Daslu, se a Hebe Camargo está cansada e a Regina Duarte voltou a se cagar nas calças, problema deles. As rodinhas de samba, os saraus de poesia, os teatros alternativos, nunca estiveram tão animados. Enfrentamento havia antes, quando o FHC colocou tanques na Praça XV para privatizar a Vale do Rio Doce.

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